Noite histórica em Peixinhos

Depois da passagem de Afrika Bambaataa pelo Recife, o cenário hip hop da cidade nunca mais será o mesmo. Esta é a crença de algumas lideranças do movimento, pois a vinda do considerado "pai do hip hop" traçou bases para a estruturação da Zulu Nation na capital pernambucana. O DJ norte-americano veio como principal atração da noite do último sábado do festival Abril Pro Rock. Depois, já por conta da produtora carioca Favela Music, que agenciou seus shows pelo Brasil, o DJ ficou mais uns dias na cidade para interagir com a cultura local e estruturar uma "filial" da Zulu Nation.


Foto: Fotos: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
A ZN é uma ONG criada por Bambaataa que trabalha ações sociais baseadas em princípios como diversão, arte e conhecimento. Organiza eventos e oferece palestras para a população das comunidades. Transcende o hip hop enquanto arte apenas e vai nas suas bases políticas e socias. Aquelas que os MCs geralmente expõem em suas letras.

Foi nesse clima de guerrilha social que Bambaataa chegou ao Nascedouro de Peixinhos, na noite da última quarta-feira. O convite havia sido feito há pelo menos um mês, desde que o produtor Harryson Moura soube de sua vinda para o APR. Harryson conhece o produtor Bruno Torres, da Favela Music, e ficou em contato com ele para levar Afrika a Peixinhos, pois a população mais interessada em seu show não poderia pagar pelos R$ 30 ou R$ 60 cobrados no Abril Pro Rock.

Harryson é roadie e também atua como produtor, no Nascedouro de Peixinhos, bairro onde nasceu e mora. Ele procurou a Prefeitura do Recife mas não teve apoio antecipado. Foi por não poder garantir que o DJ visitaria a comunidade, que pouca gente no Recife ficou sabendo que ele tocaria em Peixinhos. Somente na noite da segunda-feira, Afrika confirmou que iria a Peixinhos.

A PCR, de última hora, deu apoio de som e luz e o evento se tornou possível. Já a divulgação teve que ser à base do boca a boca. "Fiz tudo em dois dias. Não tive tempo nem de ir pra internet para divulgar", disse Harryson. Ele conta que o argumento de que Peixinhos era um celeiro musical convenceu o DJ, que não cobrou cachê. Bambaataa ficou tão à vontade no Recife que, na terça-feira, foi à Terça Negra (Pátio de São Pedro), onde cantou e dançou junto com um afoxé. Em Peixinhos, também tocaram na base da "brodagem" Tiger e Mr. Cínico, Majê Molê e Gilmar Bola 8 (Nação Zumbi), com o projeto paralelo Combo Percussivo. Foi na hora desse show que Bambaataa chegou no Nascedouro. Primeiro, filmou os músicos, depois pegou o microfone e fez uma jam.

"Acreditem, essa noite existe", bradou emocionado Gilmar Bola 8, que dividiu o microfone com Bambaataa, ao lado dos percussionistas Fekinho e Canhoto, entre outros. Depois da apresentação do grupo de dança Majê Molê, Bambaata voltou ao palco e pilotou uma mesa de DJ. Os b.boys e b.girls presentes fizeram semicírculo à sua volta e, um a um, dançaram break, entre outros passos da dança de rua, no palco do teatro do Nascedouro. O microfone do MC Big Man, que acompanha Bambaata, passou de mão em mão e todos os rappers presentes - Zé Brown, Tiger, Spider, Dom Pablo (Viruz) - puderam interagir com seu mestre.

Bambaataa defende que o hip hop é união e que seus membros devem buscar conhecimento
Dom Pablo - rapper
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Alice no país da modernidade

Siga-me: disse o coelho branco a uma Alice meio chapada. Ela procurou a lan house mais próxima e tentou buscar no twitter este tal coelhinho. Achou. Colou seu nome à lista de seguidores. E mergulhou para sempre num buraco imenso que se abriu em sua vida.

As mensagens eram constantes: todo dia uma, as vezes até mais. E sempre intrigantes. Como se o tal coelho soubesse exatamente aquilo que se passava no pensamento da moça. Ela mergulhou neste poço. Não conseguia mais largar a tela do computador, em um abismo que parecia não ter fim.

Um dia, não havia mensagem alguma. Uma imagem apenas, de um gato com dentes armados - para o sorriso ou para a devoração. Alice fitou a imagem e, de repente, o gato pareceu sumir na tela. O sorriso ficou boiando, imenso e terrível...

Os dentes povoaram seus sonhos durante várias noites. Até que um dia, quando ela voltou a se afundar na tela, ele não estava mais lá. O que havia era um estranho convite: Coma-me! E, logo abaixo, um endereço.

Ela sabia que não devia ir até lá. Mas foi. Disfarçada, escondendo-se entre paredes e transeuntes. Mas foi. E então, o mundo pareceu crescer diante de seus olhos. As árvores, os carros, os muros... tudo era gigantesco, como em um conto de fadas. Aflita, ela desmaiou.

Acordou meio tonta, em um velho boteco, um copo de vodca na mão. Agarrou o celular e buscou as mensagens do twitter. Estava lá, em letras garrafais: Beba-me! Alice deu um gole na vodca e teve a impressão de ser sugada pelo celular. Tornou-se pequena, muito pequena... e entrou em uma terra que ela até então não conhecia.

Seguidores de uma seita serviam chá, passando a cabaça de mão em mão. Pareciam sombras de gente. Não se falavam. Não se olhavam. Tinham olhos perdidos no infinito. Alice desviou os olhos e procurou uma saída. Achou uma porta e correu em direção a ela. Foi quando avistou o jardim.

Havia rosas, sim. Havia árvores e plantas. Havia uma grama imensa. E até frutos pelo chão. Mas não havia cores, nenhuma. Tudo era sombra, só sombra. Alice correu até as rosas e, sem querer, espetou seu dedo em um espinho. Viu seu sangue rubro colorir a rosa. Passou, então, a se picar em cada espinho, só pra ter o prazer de enxergar alguma cor.

Cada vez mais pálida, ela escutou, ao longe, o som de uma trombeta. E um exército inteiro que se postava à sua frente. Mas já não tinha forças para esboçar qualquer reação. Foram todos presos: os seguidores da seita, um senhor de chapéu, uma mulher gorda a quem chamavam de rainha e ela, Alice, foi levada a um centro de desintoxicação. Só não conseguiram encontrar o chefe da rede de tráfico: Coelho Branco.
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Tô em festa companheiro!

A turma do mangue chega, em 2010, ao seu décimo carnaval. E aquilo que começou como brincadeira de amigo, continua como brincadeira de amigo. Só que a companheirada cresceu, se organizou e, a cada ano, faz uma folia maior e mais animada nas ladeiras de Olinda e nas ruas do Recife.

Colocamos nossas patas de fora e espalhamos lama vermelha pelas cidades irmãs.

Venha fazer parte desta festa e contagiar o carnaval com a alegria e orgulho de ser crustáceo de esquerda.
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O Urso tirando onda...


Teve de tudo este ano:
cachaça e muita alegria,
beijo de boca, cantoria,
lá no Urso Pédecana.
Faltava água na casa,
mas sobrava animação,
A galera foi chegando
e foi logo se batizando
com cachaça de pagão.

A camarada de Rita,
na esquina foi assaltada,
chegou chorando assustada,
mas no meio da ladeira
foi s'imbora a tremedeira
e ela ficou animada.

O palhaço fotografando
a meninada dançando,
mas como em todo lugar
não faltou os espertinhos
que queriam beber sozinhos
e carregaram a bebida,
na bolsa grande, escondida,
para a gente não notar.

E lá se foi Pédecana
pelas ladeiras de Olinda,
cheio de gente bacana,
cheio de gente linda.
A mulherada do Urso
não fazia figuração
enchia o rabo de cana
e requebrava até o chão.

No caminho teve entrevista
e até beijo de boca
alegria corre solta
neste Urso boa praça
Se quiser conferir também
garanto que ano que vem
vamo'se encher de cachaça
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